Projeto Arte e Cor inclusão e desenvolvimento de autistas no Autran Nunes

No bairro Autran Nunes, em Fortaleza, a Creche Construindo o Saber tem se destacado como um exemplo de inclusão e desenvolvimento infantil, especialmente para crianças autistas. O Projeto Arte e Cor, realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, busca promover a integração social e o desenvolvimento cognitivo dessas crianças, utilizando atividades lúdicas como ferramenta de aprendizado. Com atendimento gratuito, a creche atende 100 crianças de 1 a 3 anos, incluindo oito com diagnóstico confirmado de autismo, três das quais no nível 3, além de outras em processo de investigação.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido cada vez mais identificado em crianças no Brasil, especialmente em comunidades vulneráveis. Dados recentes apontam um aumento global nos diagnósticos, o que pode ser atribuído tanto a melhores métodos de identificação quanto a um crescimento real na prevalência. No contexto das classes mais vulneráveis, os desafios são ainda maiores, pois o acesso a diagnósticos e terapias especializadas é limitado. É nesse cenário que iniciativas como a Creche Construindo o Saber desempenham um papel crucial, oferecendo suporte essencial para as famílias.

Uma das práticas inovadoras da creche é a parceria com a Escola Municipal Autran Nunes, que dá continuidade ao trabalho de inclusão iniciado nos primeiros anos. A professora de Atendimento Educacional (AEE), vinculada à escola, é um elo vital nesse processo. Ela faz visitas regulares à creche, orienta as equipes pedagógicas e familiares, além de encaminhar as crianças para acompanhamento especializado quando necessário. Esse trabalho integrado permite que as crianças autistas recebam um cuidado mais abrangente, focado em suas necessidades específicas.

A rotina da creche é planejada para incluir e respeitar as limitações das crianças autistas, mas sem deixá-las de fora das atividades diárias. “Quando uma criança não se engaja em uma proposta, as professoras adaptam o plano, dividindo tarefas e buscando alternativas que promovam o envolvimento. Essa abordagem individualizada tem gerado resultados significativos, como destaca Vilany Rodrigues da Silva, coordenadora, à frente da  Creche  Construindo o Saber, desde 2014: “Antes de frequentar a creche, muitas crianças não realizavam atividades básicas que agora conseguem fazer. O progresso é evidente, principalmente na socialização.”

As histórias de progresso relatadas pelos responsáveis reforçam o impacto do projeto. Juliana Ferreira Nascimento, mãe da pequena Ana Jully, de 4 anos, conta emocionada sobre as mudanças na filha. “A Jully não se socializava. Hoje, ela brinca, come, dorme na hora certa e tenta se comunicar. O estímulo recebido na creche foi fundamental para essa evolução.” Casos como o de Ana Jully mostram como um ambiente acolhedor e estimulante pode transformar a vida de uma criança autista.

Outro aspecto relevante é o suporte às famílias. Muitas não têm acesso a diagnósticos ou terapias devido a barreiras financeiras ou de informação. A creche desempenha um papel de ponte, conectando essas famílias a serviços especializados e orientando sobre a melhor forma de estimular o desenvolvimento das crianças em casa. Essa rede de apoio se estende à comunidade, fortalecendo a inclusão em um nível mais amplo.

Além do trabalho direto com as crianças, o Projeto Arte e Cor busca sensibilizar a comunidade sobre o autismo. Por meio de eventos, oficinas e atividades culturais, as creches promovem um ambiente de convivência que desmistifica o TEA, quebrando preconceitos e criando uma sociedade mais inclusiva. A colaboração com a Secretaria Municipal de Educação também garante que essas crianças tenham continuidade no processo educacional, fortalecendo sua autonomia e protagonismo.

O papel da Creche Construindo o Saber, do Projeto Arte e Cor, é um exemplo inspirador de como a educação pode ser transformadora, mesmo em contextos de vulnerabilidade. Ao priorizar a inclusão, o desenvolvimento integral e a parceria com as famílias, a creche não só cumpre seu papel social, mas também se torna um modelo a ser seguido por outras instituições que desejam fazer a diferença na vida de crianças com TEA.

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